O Uke é, muitas vezes, pouco entendido para um iniciante ou alguém que nunca treinou aikido. Às vezes é designado como aquele que ataca corretamente, com vigor, energia e destreza. Mas sua importância vai muito além deste papel. O Uke pode iniciar o ataque, mas é mais reconhecido por receber a projeção, a energia do Nage ou aquele que recebe a força.
Para um leigo que observa o treino de aikido é comum que sua atenção se fixe no Nage, e interprete mal o papel do Uke, considerando-o um participante facilitador para a correta aplicação da técnica pelo nage.
Porém, o que fica oculto para os olhos destreinados mas fica bem claro para o praticante atento é que o Uke representa um papel importante no conjunto. Isso porque existe um dinamismo do treino, mesmo que a técnica seja previamente conhecida tanto para o nage quanto para o uke, ou seja, ambos sabem qual o ataque e qual o principio a ser utilizado na defesa. ainda assim, há variações da própria dinâmica dos movimentos e relações de desequilíbrio e força que tornam cada prática única. Se passarmos 10 minutos treinando dai ichi kyo, cada um dos movimento será ligeiramente diferente do outro, pois o ataque terá energias e velocidades diferentes. O parceiro de treino pode alternar, nesse tempo, os ajustes de tai sabaki (movimentação de corpo) e ashi sabaki (movimentação dos pés), que se modificam. Tudo isso torna cada prática singular.
Assim, o Uke precisa ser correto e sincero em seu ataque, mas também flexível e dinâmico para responder de forma adequada a cada mudança de estímulo dado na relação. Essa habilidade é muito difícil, pois envolve um relaxamento corporal, o que não significa dizer que o corpo fica desconectado, a contrario, há uma unidade corporal que se ajusta dinamicamente ao processo. simultaneamente a isso, há uma preocupação de minimizar as áreas de vulnerabilidade e a tentativa de manter um ataque continuo ao mesmo tempo em que se procura falhas na defesa no Nage.
Desta forma, um estudo mais atento do papel do Uke, ajuda a entender muito as vulnerabilidades do Nage e como transformar esse aprendizado em uma execução de técnica com menos falhas.
O estudo de como ser um bom Uke é um trabalho que leva tempo e paciência mas que, sem ele, não se constrói um bom aikido.
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